PELO Dom CARLOS FILIPE Ximenes BELO
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E onde se encontrava o líder da revolta, Dom
Boaventura da Costa? O valoroso régulo de Manufahi estava entrincheirado no
alto de Lao-Laco rodeado dos seus asswain.
Tendo conquistado Riac, o governador Filomeno da Câmara planeia o assalto ao
monte Leo-Laco. Nos dias 28 e 29 de Julho, as forças governamentais ocupam
cinco postos avançados de um lado e do outro da ribeira Aiassa. Travam-se os
combates. No dia 1 de Agosto, a 10 ª Companhia moçambicana é rechaçada de uma
aldeia, mas no dia 3 voltou a controlar essa povoação. No dia 5 de Agosto, Dom
Boaventura e os seus guerreiros tentam uma sortida contra as linhas
portuguesas. Mas no dia 6, os portugueses conseguem penetrar no reduto de
defesa à volta de Leo-Laco. Num dos cumes da colina, são tomados os víveres e
um canhão japonês. No dia 8, o acampamento de Dom Boaventura ainda não era
tomado. As penetrações nesse reduto eram difíceis, pois rebeldes haviam
fortificado trincheiras e ofereciam resistência. Os combates entre os sitiados
e os atacantes prolongaram-se até o dia 10 de Agosto.
Vendo-se cercado pelo inimigo, Dom Boaventura envia
ao governador novas propostas de rendição. Promete pagar uma indemnização de
guerra e render-se com toda a sua gente se os portugueses abandonassem o cerco
e se retirassem para Same. Mas Filomeno da Câmara recusa a proposta e matem
firme o propósito de subir ao cume de Leo-Laco. Vendo recusada a proposta de
rendição, Dom Boaventura manda os seus homens continuar a luta. Assim no dia 10
de Agosto, à noite, na zona leste de Leo-Laco, um grupo de rebeldes conseguiu
forçar o bloqueio e obrigou a recuar a 10 Companhia, os moradores e os
auxiliares. Deu-se então a fuga de muitos rebeldes para as florestas vizinhas.
Alguns deles são caem mortos, mas a maioria conseguiu escapar-se. Na zona
oeste, os rebeldes forçavam também o cerco e tentavam escapar-se. Infelizmente
muitas mulheres e crianças foram feitas prisioneiras. Os combates prosseguem no
dia 10 de Agosto à noite. O avanço dos portugueses para cume de Leo-Laco
intensificava-se. Os rebeldes, não podendo resistir, procuravam brechas para se
escaparem. Nessa noite um grupo de assuwain
preferiu matar as mulheres e filhos e depois suicidando-se do que
entregar-se aos invasores que certamente lhes cortariam a cabeça e levariam
como troféu para suas aldeias mulheres, crianças e adolescentes. Na parte de
sul de Leo-Laco, cadáveres de rebeldes jaziam pelos caminhos e no meio das
ervas. Dom Boaventura e alguns dos seus guerreiros conseguiram atravessar as
linhas portugueses e penetrar nas florestas do sul.
No dia 11 de Agosto de 1912, o régulo Dom Boaventura
tinha-se refugiado na floresta de Pau Preto junto de Betano.
Porto, 19 de
Janeiro de 2012.
Dom CARLOS
FILIPE Ximenes BELO
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