PELO Dom CARLOS FILIPE Ximenes BELO
Estávamos no mês de Julho de 1912. No dia 17, a 10 ª
Companhia moçambicana chega a vila de Same, mas esta estava destruída. A
companhia foi encarregada de ocupar a parte oriental da colina de Leo-Laco, num
sítio chamado Bandeira. No dia 19 as forças governamentais lançam uma mina de
42 kg de pólvora que abre uma brecha na muralha de Riac. Em consequência dessa
acção, dá-se o assalto às regiões ao sul de Riac. No dia 20 os rebeldes atacam
Bandeira. Após renhidos combates, o destacamento do governo toma o lado norte
de Rica. No dia 21 de Julho Riac rende-se sem reservas. Os rebeldes tiveram 59
mortos. Da população, 4.536 pessoas foram presas. Os prisioneiros tinham em seu
poder 342 espingardas, 1.100 azagaias, 1.800 espadas e nenhuma pólvora. Na
tomada de Riac, os portugueses tiveram 40 mortos e 90 feridos. Os portugueses
efectuaram 628 disparos e gastaram 30.000 cartuchos. O cerco de Riac durou 41
dias.
E onde se encontrava o líder da revolta, Dom
Boaventura da Costa? O valoroso régulo de Manufahi estava entrincheirado no
alto de Lao-Laco rodeado dos seus asswain.
Tendo conquistado Riac, o governador Filomeno da Câmara planeia o assalto ao
monte Leo-Laco. Nos dias 28 e 29 de Julho, as forças governamentais ocupam
cinco postos avançados de um lado e do outro da ribeira Aiassa. Travam-se os
combates. No dia 1 de Agosto, a 10 ª Companhia moçambicana é rechaçada de uma
aldeia, mas no dia 3 voltou a controlar essa povoação. No dia 5 de Agosto, Dom
Boaventura e os seus guerreiros tentam uma sortida contra as linhas
portuguesas. Mas no dia 6, os portugueses conseguem penetrar no reduto de
defesa à volta de Leo-Laco. Num dos cumes da colina, são tomados os víveres e
um canhão japonês. No dia 8, o acampamento de Dom Boaventura ainda não era
tomado. As penetrações nesse reduto eram difíceis, pois rebeldes haviam
fortificado trincheiras e ofereciam resistência. Os combates entre os sitiados
e os atacantes prolongaram-se até o dia 10 de Agosto.
Vendo-se cercado pelo inimigo, Dom Boaventura envia
ao governador novas propostas de rendição. Promete pagar uma indemnização de
guerra e render-se com toda a sua gente se os portugueses abandonassem o cerco
e se retirassem para Same. Mas Filomeno da Câmara recusa a proposta e matem
firme o propósito de subir ao cume de Leo-Laco. Vendo recusada a proposta de
rendição, Dom Boaventura manda os seus homens continuar a luta. Assim no dia 10
de Agosto, à noite, na zona leste de Leo-Laco, um grupo de rebeldes conseguiu
forçar o bloqueio e obrigou a recuar a 10 Companhia, os moradores e os
auxiliares. Deu-se então a fuga de muitos rebeldes para as florestas vizinhas.
Alguns deles são caem mortos, mas a maioria conseguiu escapar-se. Na zona
oeste, os rebeldes forçavam também o cerco e tentavam escapar-se. Infelizmente
muitas mulheres e crianças foram feitas prisioneiras. Os combates prosseguem no
dia 10 de Agosto à noite. O avanço dos portugueses para cume de Leo-Laco
intensificava-se. Os rebeldes, não podendo resistir, procuravam brechas para se
escaparem. Nessa noite um grupo de assuwain
preferiu matar as mulheres e filhos e depois suicidando-se do que
entregar-se aos invasores que certamente lhes cortariam a cabeça e levariam
como troféu para suas aldeias mulheres, crianças e adolescentes. Na parte de
sul de Leo-Laco, cadáveres de rebeldes jaziam pelos caminhos e no meio das
ervas. Dom Boaventura e alguns dos seus guerreiros conseguiram atravessar as
linhas portugueses e penetrar nas florestas do sul.
No dia 11 de Agosto de 1912, o régulo Dom Boaventura
tinha-se refugiado na floresta de Pau Preto junto de Betano.
Porto, 19 de
Janeiro de 2012.
Dom CARLOS
FILIPE Ximenes BELO
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